Em 1977, o Pink Floyd realizava o sonho de toda banda de rock. Roger Waters e companhia ostentavam prestígio internacional com seu jeitão teatral de fazer rock, com melodias complexas e histórias dignas de ópera; chegavam à perfeição técnica do som e lotavam estádios no mundo inteiro. Tinham grana, mulheres, criatividade, respeito e adoração de público e crítica, vendiam bem; tinham tudo. Mas Waters estava injuriado.
Não que não gostasse do sucesso ou que fosse a típica estrela do rock avessa ao sucesso. Ok, isso ele era um pouquinho, sim. Mas o fato é que não aguentava mais o público fanático e histérico que lotava os shows em algazarra. Estava tão revoltado que chegou a cuspir na cara de um fã empolgado em show da turnê In the Flesh. Em uma viagem de carro, na volta do hospital - ele havia machucado o pé em uma "brincadeira de mão" com o empresário Steve O´Rourke -, Waters confessou ao produtor Bob Ezrin que queria construir um muro (wall) entre si próprio e a plateia dos shows. Exagero à parte, Ezrin gostou da metáfora e tratou de estimular o gênio criativo de colega.
Os dois começaram a trabalhar em um tema fantástico, autobiográfico de Waters. Mas já que os trabalhos anteriores haviam sido profundamente personalistas, Ezrin sugeriu a criação de um personagem, Pink, cuja vida dura levaria ao isolamento metaforizado pelo muro. Cada trauma é "mais um tijolo do muro (another brick in the wall)". A morte do pai de Pink na Segunda Guerra - tal qual aconteceu com o pai do próprio Roger Waters - é um tijolo; a superproteção da mãe, mais um; a opressão dos professores na escola, mais outro. Até que ele se vê cercado de tijolos por todos os lados, na claustrofóbica "Goodbye cruel world". Isolado, Pink passa a ter delírios megalomaníacos, se declara ditador de seu próprio muro e passa impelir seus "fãs" uns contra os outros num belicismo neo-nazista. Isso o leva ao arrependimento e ele promove seu próprio julgamento ("The trial"). O ciclo da ópera rock se fecha em "Outside the wall", a saída do muro.Depois de passar pelo Super Bear Studios, Studio Miraval, o CBS Studios, o Cherokee Studios, The Village Recorder, a fita que deixou o Producers Workshop em 06 de novembro de 1979 era bombástica - e o Pink Floyd sabia disso, bem como o produtor Ezrin. Um álbum duplo de peso, digno de quatro lados. Tão logo chegou às prateleiras, há exatos 30 anos, mudou o mundo da música para sempre. Sucedeu o disco uma turnê mundial de dois anos (80/81) - depois transformada documentário Is Anybody Out There (2000) - e o filme conceitual Pink Floyd The Wall, de 1982, escrito por Roger Waters e dirigido por Alan Parker. O disco em si foi muito bem, obrigado. Atingiu o primeiro lugar da parada pop da revista Billboard em 1980, teve singles nos primeiros lugares em Estados Unidos e Reino Unido, além de diversos outros países. Sem contar as mais de 30 milhões de cópias que se estima ter vendido mundialmente. Mas, como qualquer obra de arte de ampla magnitude, o aspecto mais importante de The Wall é justamente aquele que não se pode mensurar: o legado. Clique aqui e assista ao clipe de "Another brick in the wall", extraído do filme Pink Floyd The Wall
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