
Uma coincidência fez com que pintassem no Brasil três lançamentos do Pink Floyd logo após a morte do fundador e primeiro líder da banda, Syd Barrett: em DVD, o duplo "Pulse", da última turnê em 1994 e "The wall'', a extravagância de Roger Waters em Berlim em 1990, sete meses após a queda do malfadado muro que simbolizava a guerra fria. E ainda ''On an island'', o novo disco solo de David Gilmour, quase todo no estilo do Pink Floyd, a maior bandeira de que a banda devia estar na rua de novo. Com um porém: as canções deste disco não fazem jus à obra do PF. Como Gilmour é o principal compositor da banda desde a deserção de Roger Waters em 1983, talvez seja melhor mermo que o dinossauro continue congelado na cápsula do tempo onde repousa desde 1994.
Após assistir "Pulse", duas conclusões: é um espetáculo grandioso que mostra como o rock rompeu barreiras para virar uma sofisticada obra de arte. A segunda conclusão: os punks tinham razão. O Pink Floyd é a prova irrefutável de que o rock perdeu totalmente o contato com a ideologia primal do rock e com suas raízes proletárias. De símbolo de revolta contra o status quo, ele se tornou o status quo, aprendeu a tocar até chegar ao virtuosismo e fez deste conhecimento uma arma. Johnny Rotten tinha mais é que usar uma camisa escrito "I hate Pink Floyd" quando detonou a revolução niilista do punk.

O segundo disco é bem mais interessante, com a íntegra de "Dark side of the moon", uma criação quase fiel ao disco: merecia mais ousadia. Rick Wright faz os vocais que eram de Roger Waters e o trio reforçado por oito músicos e vocalistas segura a onda com projeções e luzes lisérgicas nos momentos mais épicos e complexos da reta final da viagem, com ''Us and them'', ''Any colour you like'', ''Brain damage'' e ''Eclipse''. A parte dos extras que mais gostei foram as projeções usadas nos shows, especialmente a surrealista de "time", incluindo os relógios derretidos de Salvador Dali e a cama voadora com doente e tudo. Em ''Money'', as projeções simbolizam a ganância com mansões, casacos de pele, Rolls Royces, jóias e criticam os donos do poder. Aparecem George Bush pai, os ex-primeiros ministros britânicos John Major e Margaret Thatcher, Saddam Hussein, Richard Nixon, Mikhail Gorbachev e outros sorridentes em contraste com projeções de canhões atirando, o mar de cruzes do cemitério militar americano de Arlington e pessoas sofrendo pelos atos dos sorridentes políticos.


O disco é todo climático ao estilo do PF, Gilmour gosta de introduções com teclados e guitarra que muitas vezes beiram o new age. Infelizmente não há canções à altura do passado genial dele, embora haja bons momentos, como nas instrumentais ''Red sky at night'', com solo de sax de Gilmour, e "Then I close my eyes". A canção-título tem uma intro grandiosa e depois cai numa levada a la ''Shine on you crazy diamond'', uma referência que os conhecedores da obra do PF perceberá em vários momentos. Há canções presas ao tema da ilha que o título propõe, embora não seja rigoroso, mas quem entrar numas poderá fazer os links ao longo do álbum. Quem aprecia os solos de Gilmour ficará sastisfeito, ele não os economizou, usando aquela pegada que virou a assinatura do som do PF.
Enviado por Jamari França -
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