16 de dez. de 2011

Viagem ao lado obscuro

David Gilmour e Roger Waters revelam por que a frágil colaboração por trás de The Dark Side of the Moon, a obra-prima do Pink Floyd, estava fadada a se desmanchar 

Leia abaixo um trecho da matéria de capa da edição de dezembro/2011 da Rolling Stone Brasil, nas bancas a partir de 9/12
Poderia ser uma música nova do Pink Floyd, se a banda ainda existisse como algo além de uma memória, mais do que uma parceria comercial apenas cordial. David Gilmour está sentado em cima de uma estante de equipamentos na sala de controle de sua casa-barco extravagante nos arredores de Londres, dedilhando uma progressão de acordes descendentes em um antigo violão Martin de 12 cordas, enquanto entoa uma canção melancólica e sem palavras. “Estou inventando isso agora”, ele diz e continua a tocar. Na parede atrás dele, o rio Tâmisa bate no casco sob o céu cinzento do outono prematuro.
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“Há alguns anos”, Gilmour prossegue em seu sotaque britânico refinado, “eu estava fazendo a mesma coisa na sala de controle número 3 e saiu isto aqui.” E ele mostra a introdução inconfundível de “Wish You Were Here”, de 1975. “Isso foi composto e tocado neste violão – então, se sair alguma coisa, a gente tem que prestar atenção.”
“Wish You Were Here” é um caso raro no catálogo do Pink Floyd: uma colaboração indiscutível, cara a cara, entre Gilmour e Roger Waters – o baixista, letrista e força criativa do Pink Floyd durante o período de maior sucesso da banda. “Roger disse: ‘Tem algo aí, eu tive uma ideia’”, diz Gilmour, “e daí ele escreveu os versos e o refrão juntos – ele escreveu as palavras.”
Apesar de também dividirem o crédito em outro clássico do Pink Floyd, “Comfortably Numb”, entre outras faixas, Gilmour e Waters nunca formaram nada que chegasse perto de uma dupla de composição consistente, ao estilo de Lennon e McCartney. Como Waters declarou à Rolling Stone em 1987, após a sua rancorosa saída da banda: “Nós nunca conseguimos chegar a uma visão comum da dinâmica que existia dentro da banda, de quem fazia o que e se estava certo ou não”. Até hoje essas questões permanecem à tona e até hoje ninguém chegou a um acordo.
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Mas atualmente as relações são civilizadas o bastante para Gilmour, Waters e o outro integrante sobrevivente, o baterista Nick Mason, terem chegado a um acordo que pode representar sua última reunião de forças conjuntas: o projeto do relançamento de todo o catálogo do Pink Floyd. Todos os álbuns de estúdio foram remasterizados, e os três que fizeram mais sucesso – The Wall, de 1979, Wish You Were Here, de 1975, e a obra-prima The Dark Side of the Moon, de 1973, que vendeu 40 milhões de cópias – estão recebendo o tratamento de caixas de luxo, com sobras de estúdio que estavam perdidas há muito tempo, gravações ao vivo e vídeos. “Nós estamos fugindo daquela coisa de ser seletivos em excesso”, conta Gilmour, “para não deixar de lançar qualquer coisa que seja considerada abaixo do padrão. Tudo que existe vai sair, de um jeito ou de outro”.

http://rollingstone.com.br/edicao/edicao-63/viagem-ao-lado-obscuro 

Um comentário:

  1. Nunca me cheirou bem esse lance de parceria. Até que quando um é letrista e outro escreve a música, aí sim, mas mesmos parcerias como as de Lennon/MacCartney e Roberto e Erasmo Carlos, me pareceram suspeitas. Cada um vê seu lado, e se acha mais responsável por uma determinada melodia.
    Ou é parceria ou não. Nos Beatles, pelo que li, só houve um pouco de parceria, nos primeiros discos, então, por que assinarem Lennon/MacCartney?

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